Olá querid@s leitor@s do site EM NEON! O Nosso primeiro entrevistado de 2015 da coluna EM CONTATO é um super artista com dezenas de trabalhos realizados em espetáculos teatrais em seu currículo, além de vários outros também na TV!
Ele é super carismático, talentoso, competente, um profissional nota 10.
Esse verdadeiro mago dos pincéis é o queridinho da mulherada e em breve a gente poderá conferir o trabalho dele em mais um programa de televisão.
Estou me referindo a ninguém mais, ninguém menos, que o espetacular visagista BETO CARRAMANHOS.
Confiram a deliciosa entrevista que ele nos concedeu.
Ui ui ui ai ai, meu paaai, o cara é demais!
Confira a entrevista:
Marcello Taurino: Olá Beto, tudo bem? Soube que há algum tempo você é considerado um dos mais brilhantes visagistas do Brasil. O que exatamente faz um visagista e onde este profissional atua?
Beto Carramanhos: Visagismo é um termo derivado da palavra visage, que significa "rosto". Foi criado em 1936 pelo cabeleireiro e maquiador francês Fernand Aubry. Refere-se à arte de embelezar ou transformar o rosto usando cosméticos, tinturas e corte de cabelo. Toda mulher que se maquia, exerce o visagismo. No meu caso, uso no salão, de maneira geral, nas noivas e no teatro. Esse termo começou a ser usado recentemente no teatro, para resumir todo o nosso trabalho dentro de um processo de criação de um espetáculo. Trabalhamos junto com o diretor, figurinista e o ator. Ajudamos a dar forma e compor o personagem, usando apenas maquiagem ou usando próteses, perucas, etc.
No espetáculo Gypsy, uma corrida nos bastidores |
BC: Ao todo, completei no ano passado, 69 espetáculos . Não consigo definir qual o favorito ou o mais desafiador. Cada um é uma experiência única. Alguns são mais simples, outros são mais complicados. Claro que, quando fazemos uma fábula por exemplo, temos mais possibilidades de criar e enlouquecer, mas até nos espetáculos contemporâneos temos desafios. Em "Gypsy", por exemplo, tínhamos 1 minuto e trinta segundos para trocar peruca, colocar cílios, trocar o batom, mudar a roupa e o sapato. Ensaiamos na coxia como se fosse uma cena mesmo. Isso é teatro. É muito glamouroso para quem vê, mas passamos por situações desesperadas. Risos. Hoje em dia está muito mais fácil, pela facilidade com materiais e tecnologia, mas quando comecei era tudo no improviso mesmo. Aliás, essa coisa de contar com profissionais dentro do teatro, como equipe criativa, é muito recente. Os atores é que se viravam. Devemos isso a volta de grandes produções e a valorização da nossa profissão. Me orgulho de deixar para os que virão, um respeito adquirido com muita batalha. Aprendi muito com o Charles Mueller e Claudio Botelho sobre esse respeito.
MT: Existe maquiagem certa para o dia e para a noite, para o palco e para o dia a dia ou tudo é permitido? Existe diferença entre um produto importado e um nacional? Quais os segredos de uma boa make?
BC: Claro que tem diferença entre maquiagens para o dia, noite, palco, etc. O mais importante é o bom senso. Se você manda bem na Make e peitar uma make exagerada pela manhã, dou a maior força. Mas se você ficar um monstro, aí vai ficar difícil. O menos é sempre mais na make. O mais importante é pesquisar, se informar e insistir sempre. A brasileira tem mania de desistir quando se depara com qualquer dificuldade na make. Pode acreditar que a experiência é fundamental. Infelizmente ainda estamos engatinhando quando se trata de material.Temos ótimos produtos nacionais, mas um dia chegaremos lá! O segredo de uma boa make é a felicidade, bom senso e determinação.
MT: E a arte transformista, como você a enxerga hoje em dia? Ainda existem bons atores nesse segmento ou na sua opinião quem fazia a diferença já partiu pro andar de cima? por onde anda a Rose Christine? Como ela surgiu?
BC: Bom, sou de outra geração de atores transformistas. Não falávamos o termo Drag e também não tínhamos acesso a esse material todo que existe, com a facilidade de hoje. Uma peruca era uma verdadeira joia. Nada contra os "bate cabelos" e Drags atuais, mas é outro tipo de performance. O mundo hoje pede isso. A modernidade pede isso. São poucas as opções de lugares para fazer show hoje em dia. Sou da época de Erick Barreto, Geórgia Bengston, Norika, Shana Summer, entre outros que já foram para outra esfera. E de pessoas como Meime dos Brilhos, Sula Lastorini, Andreia Gasparely, Nanete Shandon, Luisa Gasparely, etc. Elas até hoje mantém viva uma época que era um luxo só! Eu acho que a pegada era mais teatral, com início meio e fim, entende? Espetáculos memoráveis como os da Corintho, em São Paulo, especiais como os que Paulo Estrega fez no Morro da Urca, no Rio de Janeiro... Especiais do Cabaret Casa Nova, também no Rio... Isso dá muita saudade. Quem viveu sabe o que estou falando. Eu, ainda menor, conheci o meu primeiro namorado, que morava na casa do "paizinho", carinhosamente o apelido do Sr José Luis Baiano, um dos fundadores da Turma Ok. As reuniões eram feitas no próprio apartamento. Foi lá que vi pela primeira vez um homem, sem montagem nenhuma fazendo uma dublagem de Rita Lee cantando "Banho de Espuma". Me encantei com aquilo e com o meu interesse, logo me colocaram no meio de uma roda para escolherem o meu nome. Daí veio a Rose Christine de Vilmont, (risos) nome esse que não amava, mas não tinha como mudar. Tive grandes momentos e fiz grandes amizades. Amizades essas que duram até hoje. Com o tempo, o meu lado profissional e pessoal, me impediu de me aprofundar mais nessa arte. Mas até hoje me orgulho muito e devo dizer que me ajudou muito profissionalmente.
Juliana Rakoza, Beto Carramanhos, Dani Ferraz e Thiago Parente, do quadro "Você Mais Poderosa", do "Mais Você" |
BC: Fui convidado por uma produtora amiga para um quadro no programa Mais Você. Não tinha ideia do que se tratava e tão pouco que esse convite iria tomar a proporção que tomou. Fui logo pesquisar outras edições e vi que a diversão seria garantida. Mergulhei de cabeça na onda e sem pretensão nenhuma. Só queria o desafio mesmo e me divertir. Arquitetei cada detalhe, dei muita importância a decoração e figurino, que era mais a minha praia e de resto curti muito. Acho que ganhar foi consequência de todo um trabalho de organização. O melhor foram os amigos que mantenho até hoje. Aí rolou, sem eu saber, um interesse dos diretores sobre o meu jeito e personalidade, segundo eles, até o convite para participar de um quadro fixo no programa. Claro que fiquei super feliz, embora não ter ideia, mais uma vez, do que se tratava. Surgiu o "Você Mais Poderosa". Faço com muito amor, me divirto e me acrescenta muito como pessoa. Aprendo a cada programa coisas extraordinárias.
MT: O título “O queridinho das noivas” lhe cabe muito bem, pelo seu extraordinário trabalho realizado com elas, mas depois de toda essa exposição na mídia, você ainda consegue tempo para se dedicar a elas ou seu trabalho agora é apenas na TV e no teatro?
BC: A minha relação com as noivas foi por acaso, assim como tudo na minha vida!!!! Não planejei nada e aconteceu desse mercado crescer muito, dando um requinte antes não existente. Antes as noivas marcavam no salão e de lá se arrumavam na casa da mãe. Hoje está tudo muito grande e é um evento. Me atualizei, mas mantenho uma relação mais pessoal com elas. Algumas se tornam amigas e clientes depois do casamento. Todo trabalho que faço, as pessoas sabem que não podem contar comigo nos sábados. Claro que com essa coisa de televisão, tenho que abdicar de outros trabalhos, como ir menos ao salão, deixar o teatro por um tempo, mas noivas não. Até porque você se compromete um ano antes.
MT: Você também tem um trabalho social muito bacana que acontece no mês de dezembro, então, gostaria de saber como surgiu a ideia de distribuir presentes em Maricá (vestido como Papai Noel), se a iniciativa foi sua mesmo ou se foi um convite... Conte-nos tudo!
BC: O Papai Noel também surgiu sem querer!!! Risos. Uma amiga de anos tem um sítio em Maricá, chamado "Bons Amigos". Comecei a me vestir de Papai Noel para tirar fotos por lá mesmo. A coisa cresceu e todo dia 25 às 11h o Noel sai pelas ruas de Ubatiba (bairro de Maricá) distribuindo brinquedos e panetones. Embora alguns políticos já mostraram interesse, mantemos aquela coisa familiar mesmo. Há dois anos tive a ideia de pedir brinquedos em redes sociais, dando uma de cara de pau mesmo. A coisa cresceu a ponto de distribuirmos mais de mil brinquedos. O meu cachê é um isopor de cervejinhas geladinhas em baixo do meu trono. Risos. Nos divertimos muito, sem pretensão mesmo.
Caracterizado de Liza Minelli em "Acredita na Peruca", programa com Luiz Fernando Guimarães que estreia em abril no Multishow |
BC: Ainda na montagem de "Os Saltimbancos", que está em cartaz na Cidade das Artes, o Charles Mueller me convidou para fazer parte do projeto "Acredita na Peruca". Eu pensei que era para a caracterização dos personagens. Para minha surpresa, ele tinha escrito um personagem pensando em mim. Fiquei super feliz sem saber da responsabilidade que me aguardava. A minha relação com o Charles é muito antiga e estou com ele desde o início. Tem uma espécie de ritual a cada estreia, quando minutos antes de começar, eu sempre pergunto a ele: "Que horas que eu entro". "Pois bem, dessa vez você vai entrar mesmo." Disse ele. Começamos a ensaiar antes do final do ano e o início das gravações foi no dia 15 de janeiro. Imagina eu, contracenando com monstros e completamente sem experiência em televisão. Caiu a ficha quando estava em cena com Luiz Fernando Guimarães, Mia Mello, Claudia Missura, Gottsha, Fernanda Nobre, João Gabriel e Eucir de Sousa. Muito trabalho, muito desafio, mas vai ser um espetáculo. Uma comédia onde teremos vinte episódios para a primeira temporada. De segunda a sexta durante um mês. Estou muito feliz e essa experiência vai ser inesquecível. Aguardem!!!!!!
MT: E a sua história com a cantora e atriz Liza Minelli? Esse amor é antigo mesmo? Seria ela o seu maior ídolo?
BC: Essa coisa com a Liza começou com uma montagem de um show fixo no Cabaret Casanova. Luis Eustáquio, um gênio em termos de musicais, estava montando o espetáculo, quando ele olhou pra mim e disse: você daria uma ótima Liza!!!!! Me levou para sua casa e lá ele me mostrou um vídeo com um programa de um transformista alemão. Ele tinha um programa na televisão local, onde se transformava em todas as gay divas que você possa imaginar. Tudo com maquiagem e muito estudo dos gestos. Ele ia de Diana Ross a Barbra (Streisand) com tanta perfeição, que fiquei pasmo. Pena não lembrar o nome do artista. Daí eu comecei a estudar, peguei truques no vídeo (ele mostrava a preparação) e foi um sucesso. Ganhei até um dinheirinho com Liza. Comprei meu primeiro carro e até comerciais eu fiz. É claro que gostava de Liza como também da Barbra, da Shirley Bassey, entre outras divas, mas juro que gosto de todas igualmente. Não gosto de fanatismo.
MT: Como você vê as Leis de incentivo à Cultura? Elas realmente cumprem com o seu papel ou só se beneficia quem já é “carta marcada”?
BC: Acredito que as leis são fundamentais para a cultura nesse país. É muito difícil montar qualquer coisa, imagina sem o incentivo. Quanto as "cartas marcadas", eu acho que não temos tanto. O que importa é a credibilidade e conhecimentos que as produtoras tem para se captar. Acho que se for um bom projeto e com base, temos que acreditar na imparcialidade.
MT: Qual o seu maior sonho (profissional e pessoal)?
BC: Não sou de fazer planos e nem ter grandes sonhos. Acho que em toda a minha vida tudo foi ao acaso e aproveitando as oportunidades. Mas se for para sonhar, eu sonho com outros futuros desafios, futuras alegrias, futuras oportunidades... Afinal sonhar não custa nada, não é?
Fotos: Arquivo pessoal / Guto Costa - MultiShow/ Divulgação - Rede Globo
Por: Marcello Taurino - CLIQUE AQUI e leia mais artigos de Marcello Taurino
Marcello Taurino (do signo de touro) é técnico em contabilidade e iniciou sua carreira artística nos anos 90. É ator performer, audiomaker, videomaker, ativista/militante LGBT, dançarino e aderecista, entre outras aptidões.