Ela participou da primeira temporada do "RuPaul’s Drag Race" e chegou entre as três finalistas. Nina Flowers, além de trabalhar como Drag Queen, se joga nas pick ups como DJ. Conversamos com Nina e ela nos contou coisinhas sobre sua participação no Reality, dos bastidores, sua vida pessoal e muito mais.
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Confira a entrevista abaixo:
Em Neon: Você começou participando de concursos de beleza? Ganhou quantos títulos?
Nina Flowers: Inicialmente eu comecei a minha carreira como um Clube Kid (estilo de drag que incidiu sobre as night clubs, só vai para os clubes em trajes loucos, festejando e realizando), até que, alguns anos depois, quando começou a evolução da minha drag, eu fiquei muito interessada na cultura dos concursos. Em 1993, eu entrei no meu primeiro concurso de beleza e fui a vice-campeã. Mais tarde, em 1999, tornei-me "Miss Porto Rico Continental". Nesse mesmo ano, competi no "Miss EUA Continental", mas isso não foi uma experiência muito boa para mim, então eu estava determinada a melhorar o meu trabalho e apresentação. Em 2001 eu fui para Nova York para competir no "Miss Luzes da Cidade Continental", ganhei o título e retornei nesse mesmo ano ao "Miss EUA Continental", onde estive entre as 15 semifinalistas. Foi uma grande experiência, onde concluiu um total de cinco concursos e 2 títulos.
EN: Quantos anos de carreira Drag você tinha antes de entrar no programa?
NF: 15 anos como Drag Queen.
EN: Nina Hagen te influenciou no visual ou seu nome foi só uma homenagem de fã?
NF: Nina Hagen teve uma grande influência no meu estilo punk rock. Ela foi e continua sendo uma das minhas artistas favoritas. Eu acredito que ela é extremamente talentosa, tem muito carisma e personalidade. Eu também acho o nome dela memorável e sexy, então eu decidi prestar homenagem a ela usando o seu nome.
EN: Porque Flowers?
NF: Meu verdadeiro nome é Flores, Jorge Flores, e "Flowers" é a tradução em Inglês. Quando eu comecei a ser Drag Queen eu já era um DJ popular em Porto Rico e meus colegas de trabalho me chamavam de DJ Flowers. Senti que a combinação de Nina Flowers era o nome artístico perfeito para a persona da minha Drag.
EN: As gravações do "RuPaul's Drag Race" são feitas com quanto tempo de antecedência da apresentação na TV?
NF: As gravações são feitas 6 meses antes de irem ao ar.
EN: Participar da primeira temporada e chegar ao Top 3 lhe abriu muitas portas?
NF: Sim, totalmente! Eu tinha acabado de me mudar para os EUA e os tempos foram muito difíceis para mim. Era difícil estar longe da minha família e amigos. E eu também estava partindo do "zero" em um país novo, onde ninguém me conhecia e eu também não falava a língua muito bem. Foi assustador. Eu estava quase pronta para desistir e voltar para Porto Rico, quando veio a oportunidade de fazer um teste no programa. Eu estava feliz por ter sido capaz de participar do reality, pois foi uma mudança de vida. O resto é história e a história continua. Mas isso foi realmente uma história de Cinderela para mim.
EN:Ter sido eleita a miss simpatia é sinal de ter sido bem-quista por todos?
NF: Foi uma grande honra para mim e isso não tem preço, porque veio dos fãs que votaram online. No final de tudo os fãs são tudo o que importa.
EN: Você também foi a mais votada para entrar no programa, confere? Ou seja, você é bastante popular e amada, concorda?
NF: Sim, eu ganhei o concurso online permitindo-me a entrada no programa. Foi uma longa corrida de dois meses com centenas de outras Drag Queens tentando ganhar votos. Foi verdadeiramente difícil devido à concorrência acirrada. Liguei para todos os meus amigos em Porto Rico e muitas pessoas começaram a fazer campanha para que eu entrasse no reality show.
EN: Nina é a primeira participante na história a não "dublar pela sua vida". Apenas duas outras concorrentes conseguiram isso depois de Nina: Tyra Sanchez , vencedor da 2 ª Temporada e Alaska. Você se considera uma garota de sorte ou de fibra?
NF: Eu não acho que foi sorte, eu acho que eu mereci. Eu fui muito rígida durante todo o tempo. Eu realmente acreditava que havia ganhado meu lugar finalmente. Foi difícil para mim, porque eu não tenho um estilo muito feminino de Drag. Desde o início da competição eu era constantemente advertida pelos jurados, que diziam que a minha linha era muito difícil. Eu sabia que teria que fazer algumas mudanças para ganhar. Eu acho que os juízes perceberam o quão duro eu estava trabalhando, e me mantiveram até o final.
EN: Qual o momento mais difícil que você passou no programa?
NF: O tempo todo que eu estive lá foi difícil. Manter-me no reality confinada por um mês inteiro, sem ter qualquer tipo de comunicação com o meu parceiro, família e amigos, foi bem difícil. Era como estar na prisão, totalmente segregada, sem um telefone, um computador ou qualquer tipo de contato com o mundo exterior.
EN: Em 2012 você retornou no "RuPaul's All Stars Drag Race" (que não passou no Brasil), você tentou fazer algo diferente? Porque não deu certo e você saiu do programa tão cedo?
NF: Eu não devo revelar nada, porque eu não quero estragar a surpresa dos fãs brasileiros, caso passe no Brasil, mas quando você ver o show, você vai entender por que saí cedo.
EN: Você achou justa a vitória de BeBe Zahara Benet?
NF: Sim. Eu sabia que eles estavam procurando por um estilo mais tradicional de Drag. Meu estilo era louca demais para eles. Eu amo Bebe e eu sei que ela trabalhou muito duro para o título. Nós nos tornamos melhores amigas no show e ainda permanecemos grandes amigas. Ela é uma feroz Drag Queen! No final, eu estava muito orgulhosa de mim mesma, pois me esforcei para dar o melhor que eu tinha para dar e muito orgulhosa em representar minha comunidade latina. Às vezes você ganha, às vezes você não ganha. Desta vez não era para mim e eu estou bem com isso e muito grata pela experiência.
EN: A androgenia sempre foi forte em seu trabalho?
NF: Sempre. Eu sempre digo, "porque tentar olhar como todo mundo, quando você pode ser única e especial?" Eu sempre fui interessada em fazer as coisas de forma diferente. Se não for diferente, acho que é chato.
EN: A carreira de DJ veio antes ou depois do programa?
NF: Antes do programa. Eu tive meu primeiro toca-discos quando eu tinha 12 anos. Aos 16 anos eu já estava trabalhando como DJ residente em Porto Rico no lendário KLUB KRASH (mais tarde EROS). Hoje eu sou DJ residente em Denver, Boston, Califórnia e Nova York.
EN: Como vai a sua carreira musical?
NF: Minha carreira musical é fenomenal. Estou colaborando com vários DJs famosos e produtores nos EUA e América Latina. Eu gravei 10 singles e um EP. A música é minha paixão e isso está no meu sangue. Eu acredito que é o que eu nasci para fazer!
EN: Além desses talentos você também é um grande maquiador, você ainda atua na profissão?
NF: Costumo não trabalhar mais com maquiagem, apesar de eu ter começado na arte de Drag em razão da minha paixão por maquiagem. Eu também tenho um amor por composições de efeitos especiais, de modo que pode ser a minha nova direção. Acho fascinante. No momento eu estou me concentrando apenas na minha carreira como DJ e Entertainer.
EN: Ficamos muito felizes em saber do “Nina Flowers Day” (O dia de Nina Flowers), qual a emoção de receber tão significativa homenagem?
NF: Eu vim para os EUA para seguir o homem que eu amo, mas receber o amor e apoio da minha comunidade tem sido a experiência de uma vida. Eu não mudaria isso por nada. Ter recebido esta grande honra pelo prefeito da cidade de Denver - que mais tarde tornou-se o governador - eu ainda não consigo acreditar. É muito bonito saber que o meu trabalho é reconhecido e tem tido um impacto positivo sobre as pessoas. Ver como as pessoas apreciam isso não tem preço.
EN: Como é sua relação com a família?
NF: Fantástica! Minha mãe, infelizmente, morreu há 15 anos, mas ela era minha maior fã e eu sei que hoje ela é o meu anjo da guarda, me vigiando do céu. Meu pai é um homem maravilhoso que sempre proveu para sua família e é muito amoroso e solidário. Eu também recebo apoio da minha irmã e irmão, que são ambos casados e com filhos, que são loucos pelo tio Jorge Flores. Eu fui abençoado de muitas maneiras e minha família é uma dessas bênçãos. Eu os amo muito.
EN: Conte aos brasileiros sobre o programa "Objetivo Fama" ao lado de Jessica Wild.
NF: Sim. Esse show foi muito popular em Porto Rico e nessa edição especial, eles queriam as quatro Drag Queens mais populares da época. Jessica é adorável e eu gosto muito de trabalhar com ela. Ela é a minha favorita.
EN: O que você sabe do Brasil?
NF: Eu sou fascinada pela cultura brasileira e, como um homem gay, acredito que os homens mais bonitos do mundo estão no Brasil. E mesmo a sua linguagem é super sexy.
EN: Deixe um recado a seus fãs brasileiros.
NF: Para todos os meus fãs brasileiros, quero agradecer, do fundo do meu coração, por me amarem, me apoiarem e por todo o caminho. Eu quero que vocês saibam que eu estou morrendo de vontade de ir para o Brasil e conhecer as belezas que esse país tem a oferecer. Meus fãs podem me seguir no www.ninaflowers.com, www.facebook.com/ninaflowersfans ou na minha página musical em www.soundcloud.com/nina-flowers. Eu estarei rezando para que um promotor brasileiro mostre-se interessado em meu trabalho e decida levar-me ao Brasil para que eu possa dar a vocês uma experiência ao vivo através de minhas performances e minha música. Los Quiero y mucho Espero verlos pronto. Muchos Besos (Eu os amo muito. Espero vê-los em breve. Muitos beijos).
O Em Neon está muito feliz em ter conseguido essa entrevista EXCLUSIVA com Nina Flowers e logo trará outras participantes do "RuPaul's Drag Race" para você.
Fotos: Norman Dillon / Kokoo Studio / Kevin Kertz / Arquivo Pessoal
Por: Eduardo Moraes - CLIQUE AQUI e leia mais artigos de Eduardo Moraes.
Eduardo Moraes é jornalista formado pela USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) além de fotógrafo há 15 anos. Em seu curriculum estão o Jornal e Site Abalo, a Exposição O "T" da Questão e o Livro Avesso - Meu Lado Certo. Atualmente é editor-chefe do site www.EmNeon.com.br