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Mundo LGBT: Drag Queens proibidas de usar o nome social fazem protesto contra Facebook


Sister Roma é uma das pessoas que irão se reunir com representantes do Facebook

A norma do Facebook, que obriga as pessoas a utilizarem seus verdadeiros nomes, está revoltando as Drag Queens do mundo inteiro. Para divulgar seus trabalhos, elas precisam utilizar seus nomes sociais, já que boa parte delas tem um perfil de Facebook com o nome de suas personagens.

CURTA O EM NEON NO FACEBOOK

Nos EUA as Drags estão agindo e algumas já conseguiram até mesmo marcar reunião para a próxima quarta-feira (24) no escritório do Facebook. Como é o caso da Drag Sister Roma: "Boas notícias, o Facebook aceitou o nosso convite para um diálogo com as Drag Queens e membros da comunidade transexual, que foram afetados pela sua política no nome de perfil", disse Roma, que utiliza seu codinome há 27 anos, é membro das famosas Irmãs da Perpétua Indulgência, uma organização sem fins lucrativos de defesa dos direitos humanos LGBT há décadas.

O Facebook alega que esta política é executada na Rede Social desde a sua criação, para que ela seja um local de transparência e ninguém se esconda atrás do anonimato. Para tanto estão intensificando suas buscas e obrigando a utilização dos nomes verdadeiros dos usuários.

Com isso levantaram uma polêmica e o desagrado de muitos usuários que vivem de seus nomes sociais, o que engloba, em sua maioria, pessoas transexuais, transgêneros e travestis, que utilizam o Facebook para divulgar seus shows. Elas alegam que uma Fanpage não é igual a uma página normal, pois tem o alcance limitado.

Em defesa de todo um grupo, bastante numeroso, Sister Roma diz: "Realmente isso é muito mais do que apenas um monte de Drag Queens reclamando porque não podem usar os nossos nomes artísticos. Já ouvi falar de mulheres que estão tentando escapar de um relacionamento abusivo, profissionais do sexo, artistas burlescos e ativistas que não querem seus nomes reais expostos por medo de discriminação no local de trabalho e as pessoas trans que finalmente encontraram a paz com sua identidade sexual e que estão sendo forçadas a reverter para nomes que se associam com um passado obscuro e sombrio".

Antes de acertarem a conversa com o Facebook, Sister Roma, outras Drag Queen e um grupo de ativistas de San Francisco, fizeram protestos por meio de uma campanha online, a qual foi interrompida até a reunião da próxima semana. Na reunião de ontem (17) com representantes da empresa, realizada na sede do Facebook em Menlo Park, Califórnia,  nada foi resolvido e se, na quarta-feira, não chegarem a uma proposta favorável à comunidade LGBT que precisa desse recurso, elas prometem organizar protestos e boicotes contra o Facebook.

No Brasil
Enquanto isso, aqui no Brasil, a Rede Social continua agindo. Após Kaká di Polly, Rainha Tchaka e outras Drag Queens terem que mudar seu nome no Facebook, a nossa colunista Dindry Buck, nessa quinta-feira (18) teve que mudar seu nome na Rede Social. Indignada, como todas as que já passaram por isso, escreveu um desabafo em sua linha do tempo do Facebook e está correndo atrás de outros meios para que as transgêneros brasileiras também tenham direito a utilizar seus nomes sociais.

Leia abaixo a postagem de Dindry Buck (Albert Roggenbuck):


"Confesso que ainda estou perplexa com o que o Facebook vem fazendo com as Drag Queens do mundo inteiro. É um verdadeiro retrocesso, diria uma "caça as Drag Queens" ou melhor uma volta a era da inquisição em que as pessoas eram impedidas de serem livres e se expressarem se não concordassem com a opinião de quem mandava.

Faço parte do Conselho Municipal de Atenção a Diversidade Sexual da Cidade de São Paulo - pelo segundo mandato - e fui eleita pelo voto popular para representar os Transgêneros (seres que transitam entre os gêneros, tais como Drag Queens, transformistas, Andróginos e CrossDressers).

O movimento LGBT conseguiu, a duras penas, incluir o nome social nos órgãos público do Estado de São Paulo. É lei: DECRETO Nº 55.588, DE 17 DE MARÇO DE 2010 - Dispõe sobre o tratamento nominal das pessoas transexuais e travestis nos órgãos públicos do Estado de São Paulo e dá providências correlatas - e foi publicada pelo até então Governador do Estado de São Paulo José Serra em 17 de Março de 2010.

E agora vem o Facebook, dizer que é um política para não deixar que as pessoas se escondam atrás de nomes falsos para cometer crimes.

Quero dizer aos diretores dessa empresa, que o meu nome de Drag Queen - Dindry Buck - não é um nome falso, falando comercialmente: é o meu "nome fantasia"; nome pelo qual sou conhecido e que é o carro chefe do meu trabalho, pelo qual todos, sejam do meio LGBT, seja do mercado de trabalho, me conhecem.

É o mesmo que obrigar as atrizes Suzana Vieira e Fernanda Montenegro a usarem seus nomes de registro. O nome delas já virou marca, não teria porque mudar.

Fica aqui meu protesto, minha indignação para com os diretores dessa empresa que recentemente, aqui do lado do Brasil, na Argentina, colocou a opção personalizada de gênero e aqui nos obriga a ser aquilo que eles querem.

Sou uma Drag Queen, a página em si é o meu portfólio, não tem porque eu usar meu nome de registro.

Fica aqui minha indignação para com esse retrocesso e esse desrespeito para com a questão de identidade de gênero dos Transgêneros."

Dindry Buck - Drag Queen

Para poderem utilizar seus nomes sociais, as pessoas Transexuais, Travestis e Transgêneros fizeram uma petição online pelo site Avaaz.org a ser entregue ao Diretor Executivo do Facebook no Brasil, pedindo respeito e reivindicando direitos. CLIQUE  AQUI  e junta-se à Campanha.


Foto de Sister Roma: Jose A. Guzman Colon
Foto de Dindry Buck: Arquivo Pessoal


Por: Eduardo Moraes

Eduardo Moraes é jornalista formado pela USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) além de fotógrafo há 15 anos. Em seu curriculum estão o Jornal e Site Abalo, a Exposição O "T" da Questão e o Livro Avesso - Meu Lado Certo. Atualmente é editor-chefe do site www.EmNeon.com.br
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