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Meu olhar: Viajar é trocar a roupa da alma


Essa frase que dá o título dessa crônica é do poeta Mario Quintana... É impressionante o turbilhão de pensamentos e energias que depreendemos durante o planejamento de uma viagem, desde o momento em que escolhemos aonde ir, qual o meio de transporte, com quem viajar ou simplesmente ir sozinho. Daí, chegamos tensos e ansiosos, pois estamos colocando os nossos pés num terreno desconhecido. Sem contar que, ainda carregamos a nossa mala íntima na qual nos agarramos.

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Alguns preferem não se permitir ao novo, por medo, receios, desconfianças e até mesmo por nojo... Ficam em suas caixinhas de “vícios de crises”, que impedem de crescer e experimentar sabores diferentes do que lhe é peculiar, com isso, perdem o exercício do sentir e descobrir um novo mundo, que habita em cada interior de si mesmo.

Entendo que, quando a gente viaja, deixamos pra trás todos os problemas por um tempo, ficamos sempre antenados e dispostos a viver um período delicioso em algum lugar distante e desconhecido. Algumas vezes revisitar lugares dantes viajados. A viagem sempre tem um propósito: viajamos para nos purificar, viajamos acreditando que reporemos as energias para nos fortificar. Enfim... Viajamos também, para reencontrar alguém muito querido ou se despedir dele neste plano espiritual.

Ao escrever este texto, lembrei-me do livro “Libertação”, ditado pelo Espirito André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier, onde cita uma antiga lenda egípcia do peixinho vermelho. “Conta-se que, havia um grande lago, adornado de ladrilhos azul-turquesa em um grande jardim. Nesse reduto acolhedor, uma comunidade de peixes vivia plenamente despreocupada, entre a gula e a preguiça. Junto deles, porém, havia um peixinho vermelho, menosprezado por todos. O peixinho vermelho que nadasse e sofresse sozinho. Por isso mesmo era visto, em correria constante, perseguido pela canícula ou atormentado de fome.

Começou a estudar com muito interesse, fez inventário de todos os ladrilhos que enfeitavam as bordas do poço, quantos buracos existiam. Depois de longo tempo longas perseguições, encontrou a grade do escoadouro. E refletiu... ‘Não será melhor pesquisar a vida e conhecer outros rumos?’ Optou pela mudança.

Apesar de macérrimo pela abstenção completa de qualquer conforto, perdeu várias escamas, com grande sofrimento, a fim de passar pela passagem estreitíssima, mas otimista, renovando os pensamentos, passou pelo rego d’água e ficou encantado com o mundo que descobriu. Viu novas paisagens, flores e seguiu embriagado de esperança... Encontrou um grande rio e fez inúmeras amizades, peixes de muitas famílias diferentes que o instruía quanto aos percalços da jornada.

Habituado com o pouco e a simplicidade, jamais perdeu a agilidade natural e assim chegou ao oceano, viu uma baleia, percebeu que toda água que havia no lago, não dava para abarcá-la, aproximou-se dela, neste momento foi tragado juntamente com tudo o que estava perto servindo de alimentação. Em apuros, o peixinho aflito orou ao Deus dos Peixes, rogando proteção, sua prece foi ouvida e o cetáceo começou a soluçar e vomitou, restituindo-o às correntes marinhas. O pequeno viajante, agradecido procurou companhias e aprendeu a evitar os perigos e tentações.

Vivia, agora, sorridente e calmo no Palácio dos Corais. O peixinho pensou, pensou e pensou... E sentindo imensa compaixão daqueles com quem convivera na infância, resolveu  ir contar as novas informações e pegou o caminho de volta. Chegando no lago, ninguém havia sentido a sua falta, mas ele procurou o rei, o qual reuniu todos para que ele contasse as novidades. Após, o relato, ninguém acreditou nele, alguns oradores disseram que o peixinho vermelho estava delirando, emagrecer para passar na grade de escoamento, nunca. ‘Nosso lago é o centro do Universo’, gritaram e expulsaram-no a golpes de sarcasmo.

O peixinho realizou sua viagem de volta, vive alegre no Palácio de Coral. As águas desceram de nível. E o poço, onde viviam os peixes pachorrentos e vaidosos, esvaziou-se compelindo a comunidade inteira a perecer, atolada na lama...”

Por que conto esta lenda? Só para ressaltar que, a gente é capaz de promover as nossas próprias mudanças. “Tenha fé em si mesmo, porque Deus habita dentro de você. Portanto, ter fé em si mesmo é ter fé em Deus. Tenha confiança em suas capacidades e caminhe sem temer os obstáculos. Viajar faz parte do homem" (do Livro Minuto de Sabedoria de C. Torres Pastorino). “E se hoje viajar é algo vulgar, outrora os homens que dobravam novas fronteiras não eram menos verdadeiros heróis” (David Samuel Santos do site Grandes viajantes, navegadores e exploradores).

No século XIV, o marroquino Ibn Batttuta deixou Marco Polo para trás ao percorrer 125 mil km pelas estradas da África, Europa e Ásia. Suas memórias revelam um mundo pouco conhecido pela historiografia ocidental.E em 1889 Nellie Bly (Elizabeth Cochrane 1864- 1922) foi a primeira mulher a fazer uma viagem de volta ao mundo em 72 dias.

Permita-se...

Então, qual será a próxima viagem?

Veja abaixo a galeria de minha última viajem, a que me renovou a alma:




Fotos: Nyna Ca$h

Fontes: - O maior viajante da Idade Média – História Viva – Site Institucional: Editora Seguimento
- Histórias de viajantes - As grandes viajantes: a volta ao mundo de Nellie Bly/ 360 meridianos – RBBBV – rede Brasileira de Blogueiros de Viagem


Por: Nyna Ca$h - CLIQUE AQUI para ver outras matérias de Nyna Ca$h

Fran Sylva diz ser poeta desde cedo. Nos anos 80, foi picado pelo bichinho da arte cênica e formou-se em psicologia pela Faculdade de Ensino Superior Senador Fláquer - Santo André. Anos mais tarde, descortinou um viés para o mundo mágico, lúdico e surgiu a personagem Nyna Ca$h; simultaneamente se formou ator pela Escola de Teatro Macunaíma; é ativista social na causa LGBT, como Conselheiro, junto ao Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual, representando os Transgêneros. Em 2014 fez um curso de palhaço com apoio da UNINOVE e do Instituto SELi para Surdos. Suas paixões: Coca-Cola, fotografia, selfies, filmes e músicas antigas.

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