Um trabalho fotográfico chamado "#genero #gender", que apresenta várias pessoas segurando um espelho que refletia partes de genitais femininos e masculinos, vem despertando atenção na internet. A postagem feita na plataforma Behance vem sendo visitada e comentada em vários sites. As fotos fazem as pessoas refletirem sobre a sexualidade e a questão dos gêneros.
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Como em todas as postagens não vimos ninguém entrevistar o autor e somente elogiar seu trabalho (que é magnífico, sem dúvida) fui atrás de Thiago para saber mais sobre o artista por traz desse trabalho tão elogiado.
Para começar apresento Thiago Leão Antonucci (foto), 23 anos, mora no Morumbi, divide seu tempo entre o trabalho de fotógrafo freelance e um escritório de contabilidade de uma família amiga, para ajudar, e juntar uma grana. Se formou no ano passado em arte e Design pela Panamericana e o ensaio "#genero#gender", que foi seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), ganhou notoriedade ao ser postado na internet.
Vamos à entrevista que Thiago gentilmente nos concedeu.
Vamos à entrevista que Thiago gentilmente nos concedeu.
Em Neon: Quando aconteceu a paixão pela fotografia?
Thiago Antonucci: Eu sempre tive mais facilidade de compreensão e expressão com imagens. Desde desenhos, cores e formas! Mais facilidade pra me expressar e entender as coisas... apesar de gostar muito de leitura! A ideia de fotografia sempre esteve presente desde o colegial quando eu tive que "definir uma carreira", um estudo, mas desde pequeno, eu não digo que era apaixonado por fotografia, mas pela criação de imagens, desenhos, pinturas e colecionar recortes
EN: Por que resolveu fazer esse trabalho com os Gêneros?
TA: Gênero sempre foi um assunto que eu gostei de estudar, de pesquisar e corpo sempre foi o que mais gostei de fotografar, mas além dessa ideia de gênero ilustrada no meu trabalho, a ideia foi ver como as pessoas receberiam essas imagens tão simples sobre o tema!
EN: Você tinha ideia que seu trabalho iria repercutir tão positivamente da forma como ele vem sendo aceito?
TA: Não tinha ideia, mas as pessoas realmente receberam muito bem meu trabalho. Fiquei surpreso quando e como ele foi compartilhado no tumblr num blog de um gringo, que eu nunca conheci. Tirando algumas críticas por aí, em comentários no Facebook, teve só uma que me deixou bastante incomodado, onde uma menina, que se diz feminista, falou que coloquei no meu trabalho "o corpo que o homem estupra" e que meu trabalho poderia ir direto para o lixo. (Risos)
EN: Como foi o processo de escolha dos modelos fotografados? Houve resistência por se tratar de fotos de nudez ?
TA: Então, os modelos são todos amigos que toparam fazer as fotos. Eu não escolhi os modelos e nem levei em consideração seus corpos. Outra crítica que eu li foi sobre isso, os corpos serem definidos ou magros. Eu chamei todos os amigos possíveis que topariam, com a maior variedade de forma física possível, mas os gordinhos não toparam e eu não quis causar nenhum desconforto.
EN: Então os gordinhos foram sondados, porém não toparam...
TA: Sim. Eu convidei desde meninas lésbicas, com performances mais masculinas, gays femininos, meninas gordinhas, amigos gordinhos e no final só toparam os que se sentiram mais confortáveis com seus corpos. Quanto ao fato de não ter pessoas obesas, não encontramos pessoas empoderadas a ponto de topar seus corpos nus. Não posso e não quero forçar ninguém a se expor sem que queira.
EN: Foi um trabalho tipo cooperativo, sem cachê, seria isso?
TA: Isso mesmo. Foi totalmente cooperativo. Sentei com eles conversei sobre o tema, a forma como meu trabalho seria visto e o que ele queria dizer para o público. Os que concordaram com as minhas ideias fizeram o ensaio. Dentre eles um professor transgênero, que agora dá aula na PUC, ele é Mestre em Filosofia. Ele me ajudou muito a conversar com os outros participantes.
CLIQUE na imagem abaixo para ver a galeria. OBS: As fotos contém NUDEZ. Somente para maiores de 18 anos
TA: Sim, dois. Um deles eu não posso exibir porque a modelo não autorizou, o outro eu tenho no Behance e tem um outro que não foi concluído. É um trabalho sobre formas geométricas que alteram a forma do corpo tornando-as andróginas.
EN: Por que não houve a autorização desse outro trabalho?
TA: Porque eu assinei um termo com a moça que eu convidei, que usaria as fotos para fins acadêmicos, caso contrário eu pagaria o cachê.
EN: Seu trabalho fotográfico sempre gira em torno dos gêneros?
TA: Sim, sempre vai se relacionar com o gênero ou com o corpo, com fetiches.
EN: Você já pensa em novos projetos para esse grupo? Quais são seus novos projetos?
TA: Meu novo projeto é colocar essa mesma idea do "Gender", em cenários urbanos e então discutir questões sociais, ilustrar e ironizar, colocar no meio dos padrões. Agora com o "Gender" mesmo há alguns artistas visuais, amigos meus, afim de ilustrar o trabalho já realizado e também tenho interesse em realizar um estilo de fotografia que é o cianotipo (é um processo de impressão fotográfica em tons azuis, que produz uma imagem em ciano) utilizando as mesmas imagens.
EN: Você tem um irmão gêmeo? Nunca pensou em fazer um ensaio diferente usando essa particularidade?
TA: Já pensei sim, mas ainda não encontrei. Ele está no meu trabalho "Gender".
EN: Você já expôs ou pretende expor o "Gender"em algum lugar físico?
TA: Não, ainda não, mas já recebi um convite de uma galeria, mas ainda estamos estudando. O que está por vir é a inauguração de uma galeria 'Centro Cultural' de um amigo que vai abrir no Bixiga (bairro de SP), que será o novo pólo cultural de São Paulo e meu trabalho será apresentado na abertura, mas não está nada certo ainda.
EN: Qual a maior alegria que o "Gender" lhe deu?
TA: O que me deixou mais contente com esse trabalho foi que, com ele, junto ao comitê da Panamericana, meu diploma foi assinado pelos fotógrafos Bob Wolfenson e Arnaldo Pappalardo.
Fotos: Thiago Antonucci
Por: Eduardo Moraes - CLIQUE AQUI e leia mais artigos de Eduardo Moraes.
Eduardo Moraes é jornalista formado pela USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) além de fotógrafo há 15 anos. Em seu curriculum estão o Jornal e Site Abalo, a Exposição O "T" da Questão e o Livro Avesso - Meu Lado Certo. Atualmente é editor-chefe do site www.EmNeon.com.br
Eduardo Moraes é jornalista formado pela USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) além de fotógrafo há 15 anos. Em seu curriculum estão o Jornal e Site Abalo, a Exposição O "T" da Questão e o Livro Avesso - Meu Lado Certo. Atualmente é editor-chefe do site www.EmNeon.com.br