Dizem que existe a liberdade de imprensa, mas essa liberdade pode ser bem vigiada ou por vezes vetada, dependendo de que lugar do mundo estivermos falando.
CURTA O EM NEON NO FACEBOOK
Capas de revistas são alvos de censura e acabam por terem que ser trocadas ou envelopadas, tapando assim, o que consideram “indecente”. Segue abaixo alguns exemplos disso:
Toda nudez será castigada
Nudez parece ser “permitida” a apenas revistas do gênero, como é a Playboy e como foi a G Magazine. Parece que os censores não querem ver famosos “in natura”, pelo menos em algumas capas, como foram esses casos: Em dezembro de 2008, a banca de jornal Hudson News, no Terminal Grand central, em Nova York, cobriu a edição de janeiro de 2009, da revista GQ, que trazia a atriz Jennifer Aniston vestindo apenas uma gravata. Mas não foi somente essa vez que a revista foi vítima de censura. Seis meses depois, desta vez em Chicago, a capa que trazia o ator Sacha Baron Cohen, como seu alter ego fashionista Brüno, nu e também foi lacrada, mas outros estados também trouxeram a revista com uma tarja preta, para não “ofender” os consumidores.
Em 2014 duas famosas estrelas também foram censuradas pela ousadia nas capas de revistas. Trata-se de ninguém mais, ninguém menos, Rihanna, sim a cantora apareceu na capa da Lui, em abril, pagando peitinho, não agradou a todos, tarja nela. E, finalizando e escandalizando o ano, Kim, Kardashian apareceu na revista Paper peladona total, com direito a nu frontal e principalmente mostrando o que mais se destaca em sua anatomia, a bunda.
Incrivelmente no ano de 1991, a capa da Vanity Fair fotografada por Annie Leibovitz, considerada uma das melhores capas de revistas do último meio século, com a atriz Demi Moore nua e grávida de sete meses, foi proibida ou coberta em muitas bancas e desencadeou uma série de debates sobre a maternidade, o feminismo e a beleza. Vale dizer que a capa foi inspiração e parodiada inúmeras vezes, durante os últimos anos, Jessica Simpson, Fernanda Lima, Brooke Shields, Mariah Carey, Monica Bellucci, Nia Long, até mesmo os comediantes Bussunda, na capa da “Casseta Popular” e Leslie Nielsen na divulgação do lançamento do filme “Corram que a Polícia vem aí 33 1/3: O Insulto Final”, posaram no tradicional estilo da atriz. Mas a pose ainda gera polêmica, mais de vinte anos depois, uma mulher britânica colocou uma foto dela nua e grávida ao estilo "Demi", no perfil do Facebook, e teve sua foto retirada pela Rede Social.
Lady Gaga adora gerar polêmica e ser excêntrica, disso todo mundo sabe, mas a revista Q, não esperava (será?) que a capa da edição de março de 2010 fosse retirada de algumas bancas por trazer a cantora tapando o seio com a mão. Porém esse não foi o motivo do escândalo, mas sim porque a outra mão estava agarrando sua virilha. No entanto, o mais irônico de tudo, é que os censores não perceberam que Gaga tinha colocado um vibrador estrategicamente posicionado para parecer que ela tinha pênis.
Outra vítima de boicote foi a rapper Azalea Bancks, na capa da Dazed & Confused de setembro de 2012, só por que a moça aparecia “fumando” uma camisinha, como se fosse um charuto. A revista já estava proibida em 7 países, antes mesmo de seu lançamento.
A revista americana Flaunt, na edição de outubro de 2011, temendo boicote, usou a estratégia de fazer duas capas, uma com o ator James Franco sentado em uma cadeira e a outra com o seu bumbum. Pouca censura, mas muita polêmica.
A Rolling Stone sempre traz capas polêmicas e em 1980 trouxe mais uma imagem bombástica da fotógrafa Annie Leibvitz, dessa vez ela trazia a nudez do cantor John Lennon, que estava na cama de seu apartamento em Nova York, abraçado a sua mulher Yoko Ono. O mais incrível é que cinco horas após a realização das fotos, John era assassinado a tiros na entrada do seu edifício. A revista foi censurada, mas em 2005, a capa da Rolling Stones foi escolhida pela Sociedade Americana de Editores de Revistas como a melhor capa dos seus 40 anos.
Treze anos depois mais uma polêmica com a Rolling Stone, ao trazer na edição de setembro de 1993, a cantora Janet Jackson, então com 24 anos, em uma foto onde aparece de seios nus, porém cobertos pelas mãos do namorado Rene Elizondo. As fotos não foram tiradas pela revista e sim cedidas pela própria cantora para a edição em que seria a capa.
Em abril de 2008, para fazer uma homenagem à premiada capa da Rolling Stone com John Lennon, a Diva, principal revista lésbica da Europa, “refez” a capa com duas mulheres, mas a cadeia de bancas de jornal britânica WH Smith retirou os exemplares de circulação por mostrar muito do peito de uma das modelos. Para não arriscar as vendas, a Diva colocou o texto em cima do seio da moça.
Além de uma grande gafe, foi injusta a polêmica gerada por causa da capa da Dossier por trazer “uma modelo” de topless. O mais irônico é que a tal modelo era homem. Andrej Pejic, de 19 anos, ao posar de bobes, “confundiu” os censores. Seria cômico se não fosse trágico.
Mas até mesmo a Playboy, uma revista voltada a nudez, gerou polêmica ao trazer Darine Sterm na capa. Bem estamos falando do ano de 1971 e ela foi a primeira negra a aparecer estampando a Playboy. Na época além de ser considerada uma decisão ousada teve lugares que boicotaram a revista por isso.
Religiosidade, hipocrisia e preconceito
Nem só a nudez é vítima da censura. A religião também sofre com as polêmicas. É o caso da revista francesa L’Express que em novembro de 2008 teve a revista proibida de estar nas bancas de Marrocos, pois o governo marroquino achou a capa um insulto ao islã. Ela trazia a manchete: “O Choque: Cristo-Mahomed, seu trajeto, sua mensagem, sua visão do mundo” e as imagens de Jesus e do profeta do islanismo. A revista apenas cobriu o rosto do profeta, em respeito à lei islâmica, mas manteve a capa original na edição francesa.
O rapper americano Kanye West sempre foi um poço de egocentrismo, e alguns acharam que ele estava estrapolando todos os limites ao aparecer como Jesus Cristo na capa da Rolling Stone de fevereiro de 2006. O cantor aparece com uma coroa de espinhos, feridas causadas pela mesma e com o título “A Paixão de Kanye West”, a controvérsia estava feita. Censura nele.
Ainda falando da Rolling Stone, em agosto de 2013 mais uma polêmica ao trazer na capa o acusado do atentado de Boston. Foram feitos muitos boicotes com reações violentas, alegando que assassinos não mereciam tratamento de celebridade. Mesmo com a proibição da venda em algumas bancas, a revista vendou o dobro de sua média mensal.
A capa da revista Vogue de abril de 2008 gerou polêmica ao trazer Lebron James e Gisele Bundchen em uma foto que, segundo críticos, tinha semelhança com um pôster do filme “King Kong” atribuindo à imagem um teor racial insensível.
Para finalizar, a revista Us Weekly, de janeiro de 2011, teve um “protetor da família”, que é usado para bloquear a nudez de capas de revistas com teor adulto, colocada na edição em que trazia o cantor Elton John e seu parceiro, David Furnish, com o novo filho do casal, Zachary. A decisão do supermercado Harps, em Montain View, Arkansas, foi tomada após receber reclamações, mas a atitude gerou protestos e o CEO da empresa se defendeu: “Nossa verdadeira intenção não é ofender ninguém em nossas lojas e esse incidente aconteceu apenas em uma das nossas 65 lojas, e quando recebemos a denúncia, mandamos retirar os lacres imediatamente”, disse Kim Eskew.
Bem, aqui foram alguns exemplos de que nem todo mundo é livre como pensa e nem toda imprensa pode publicar o que quer. Mas para quem viveu em um país com ditadura sabe que a censura não faz bem a ninguém e por vezes é incabível.
Por: Eduardo Moraes - CLIQUE AQUI e leia mais artigos de Eduardo Moraes.
Eduardo Moraes é jornalista formado pela USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) além de fotógrafo há 15 anos. Em seu curriculum estão o Jornal e Site Abalo, a Exposição O "T" da Questão e o Livro Avesso - Meu Lado Certo. Atualmente é editor-chefe do site www.EmNeon.com.br