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Doutor Neon: Abuso médico e constrangimento na hora da consulta



Masturbação não é pecado, mas um médico masturbar um paciente no consultório é bem mais que isso.

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Leio com alguma frequência relatos na internet de pacientes indagando se é normal um médico masturbá-lo durante a consulta médica. Há pacientes que inclusive me relatam isso em consulta médica. Não há nada citando que não pode, mas também não há nenhuma orientação para que isso seja feito. Mas acho que ser masturbado por um médico durante o exame físico numa consulta médica, deve ser considerado assédio.

O médico pode pedir para o paciente provocar em si próprio uma ereção, caso a queixa dele esteja relacionado a uma tortuosidade do pênis e, caso o paciente não consiga por constrangimento, há drogas que podem levá-lo a uma ereção "artificial" para daí, o grau de tortuosidade ser avaliado.

Uma outra situação que também é possível, e isso normalmente acontece em ambiente de laboratório de análises clínicas, é o paciente receber uma massagem na próstata, através de um exame de toque digital pelo ânus, que visa massagear a próstata e levar à saída de secreção pelo canal urinário de sêmen, que será colhido para cultura que evidenciará se há infecção.


Ficar excitado durante o exame físico de próstata

Pois é, acontece! Mas confesso que não é frequente e acomete tanto homens gays como heterossexuais.

Isso porque a região anal é uma área erógena, independente da orientação sexual.

No caso do homem gay não muda nada. E muitos chegam super constrangidos para o exame de próstata, achando que durante o exame físico vão ter ereções. Fiquem calmos, não que elas não aconteçam, mas é muito raro isso acontecer.

Apesar de muitas fantasias e contos eróticos envolvendo médicos/pacientes que podemos encontrar descritos na internet, a ereção no ato do exame físico quase sempre é bloqueada pelo constrangimento do despir-se diante do médico. E como alertei acima, não é comum um médico manipular o pênis, o escroto e a próstata de um paciente,visando gerar uma ereção.

Então não deixe de passar pelo exame físico, tão importante na detecção e prevenção do câncer de próstata, só por causa desse possível acontecimento. Nós, profissionais médicos, somos preparados a lidar com as ereções durante o exame físico e sabemos muito bem contornar essa situação, sem criar embaraços para os nossos pacientes.

Mas posso garantir que, com o profissional de sua confiança, a chance disso ocorrer é mínima.


Não se deixe ser humilhado por um médico homofóbico

Há ainda mais um assunto muito delicado para eu falar: homofobia na Medicina. E se escrevo, é poque tenho relatos diversos de atitude de homofobia citados pelos meus pacientes.

No Brasil homofobia é crime, mas alguns colegas médicos parecem desconhecer isso ou, no alto do pedestal da profissão, se consideram aptos a dar conselhos e repreender pacientes pela orientação sexual que têm, imunes a qualquer retaliação.

O médico tem que estar pronto para ouvir sua queixa, colher informações, te examinar com todo o respeito como qualquer paciente merece e depois, conversar contigo, expondo hipóteses de diagnóstico e possíveis tratamentos.


Escuto de pacientes situações em que médicos passam sermão quando eles expõem a orientação sexual. Há médicos que mal continuam a conversa e já vão querendo terminar a consulta rapidamente. Há outros que fazem insinuações com piadinhas constrangedoras e de mau gosto, na hora de um exame de próstata. E há aqueles que já vão logo solicitando exame de HIV, pois acham que todo homem gay é soropositivo para o vírus HIV.

Se você foi, ou se um dia for, vítima de uma atitude como essa, denuncie ao Conselho Regional de Medicina de seu estado.

Hoje em dia na maioria das cidades do Brasil há profissionais que irão te atender com o maior respeito e muito preparados com as situações difíceis, particulares do sexo entre homens, que podem acontecer. Se achar que não foi bem atendido por conta de sua orientação sexual mude de médico e se a abordagem for declaradamente homofóbica não hesite em denunciar.

Por: Dr. Cid Zauli

Dr. Cid da Fonseca Zauli, nasceu em Niterói RJ), formado em Medicina pela Unversidade Federal Fluminense. Fez residência médica na especialidade de Urologia na cidade de São Paulo e especialização no Centro Médico Porte de Choisy, Paris- França. É especialista em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia, faz parte das sociedades Americana e Européia de Urologia. Atua como urologista há 29 anos. Hoje mora em São Paulo/SP e é diretor da Cid Zauli Clínica Urológica Ltda (www.clinicacz.com). Atua nos hospitais Nove de Julho, Albert Einstein, Oswaldo Cruz e São Luiz. E esclarece dúvidas nos Blogs Uroblogay e Urologia Cid Zauli.

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